A realidade de um título
Comecei há alguns dias a ler o livro de Miguel Sousa Tavares. Alguns daqueles textos, previamente publicados no Expresso em português correcto - o que duplica o prazer de os reler em livro.
Estes textos compilados, são um livro que "conta" a história do país, nos últimos seis anos, vista pelo autor. Nem sempre será forçoso concordar com ele mas o "retrato" geral é impressionante. Parece que, famosamente, o abismo atrai o abismo e o Portugal mais recente aí está para o demonstrar. Sousa Tavares romancista interessa-me relativamente pouco. Este interessa-me mais porque, na concordância ou no dissenso, me ajuda a pensar. E porque tem subjacente uma atitude intelectual indeclinável: «nada há de mais difícil e mais exigente do que ser-se livre» É verdade que «Portugal não acaba assim nem agora.» Sobretudo, como reza o título feliz, a história não acaba assim.
ACORDO ORTOGRÁFICO?
Segunda-feira, 02.01.12
Claro que não, salvo em documentos oficiais porque a "aparelhagem" já foi formatada. Aqui não entra. Como escreveu Sousa Tavares no Expresso (que pratica a coisa há muito tempo, mas nem ele, Mexia ou Cutileiro o fazem e não deve ser por acaso), «a história do acordo ortográfico é um exemplo brilhante de como, por passividade e deixar andar, se consuma um crime contra o património». Com a agravante que, dos oito países falantes da língua, apenas três ratificaram isto enquanto cinco continuam com o português - cito de novo MST - «que nós traímos».